quinta-feira, 28 de outubro de 2010

NOVO ATAQUE AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS

Uma liminar concedida ao Ministério Público federal, obriga o Ministério das Comunicações a arquivar emissoras comunitárias que atuaram sem autorização do Ministério das Comunicações nos últimos 5 anos.
Representantes das Rádios Comunitárias do estado de São Paulo, procuraram o Ministério das Comunicações sobre a situação, e a resposta que obtiveram da Consultoria Jurídica do Ministério é que a ação fora acertada, e que o Ministério das Comunicações não pretende recorrer da decisão.
Trata-se de punir aqueles que na prática estão lutando todos os dias pela democratização das Comunicações. A punição destes companheiros é uma afronta aos direitos humanos. A responsabilidade das emissoras funcionarem sem licença dos Ministério das Comunicações se dá em decorrência da irresponsabilidade do mesmo em conceder outorgas de Rádios Comunitárias num Prazo razoável.
O ministério das Comunicações fora totalmente esvaziado politicamente nos últimos 16 anos, com a implementação do projeto neoliberal iniciado no Governo FHC e no Governo Lula. Segundo documento enviado pelo Ministério das Comunicações ao Procurador Regional dos Direitos do Cidadão Sérgio Suiama, o ministério das comunicações confirmou em documentos que possui apenas 16 funcionários para analisar 20.000 processos de Rádios Comunitárias.
Sendo assim, os prazos de 120 dias, apontados pelo ex-ministro Hélio Costa em entrevista a TV Cultura durante o programa Roda Viva, tornou-se uma grande mentira, na realidade, o prazo médio de outorga ultrapassa 7 anos.
Também é importante salientar que após a decisão do Ministério Público, poderão ser arquivados imediatamente mais de 400 processos de Rádios Comunitárias em todo o Brasil, e a não renovação de mais de 1900 emissoras.
Se analisarmos com atenção, todas as situações apontadas, ficaremos somente com os 50,2% das Rádios autorizadas, ou seja, apenas aquelas cujos processos foram aprovados pela relação promíscua Ministério das Comunicações e parlamentares, objeto da pesquisa do prof. da UNB Venício Lima, ou seja, Rádio Comunitária é apenas para políticos, ou para aqueles que se dispuserem a ser carneirinhos das Leis excludentes deste país.
Sendo assim, caso esta situação se configure, não nos resta outra alternativa senão a decisão política de ação direta, seja contra o monopólio das Comunicações, seja em relação ao estado Brasileiro, que ao invés de garantir a democratização da comunicação, opta pelo monopólio. Sendo assim, a DESOBEDIÊNCIA CIVIL, TORNA-SE A ÚNICA SAÍDA PARA A LUTA CONTRA O MONOPÓLIO DA COMUNICAÇÃO.
Segue abaixo, uma matéria do Jornal o Dia, da Cidade de Bauru, que descobriu a sacanagem e vetaram a comunidade do Parque Jaraguá de obter sua licença de funcionamento.
O fim de um sonho
Após 12 anos de espera, rádio comunitária do Jaraguá recebe ordens federais para calar de vez a sua voz
Juliana Lobato/Agência BOM
Agência BOM DIA
Em um teimoso processo de abre e fecha, a Ação Comunitária do Parque Jaraguá tenta há 12 anos deixar no ar a rádio comunitária do bairro. Problemas burocráticos, no entanto, fazem a ideia radiofônica virar novela, com direito a prisão, desapontamento e, agora, uma desagradável surpresa. O BOM DIA apurou que o processo de licença que colocaria a rádio no ar foi arquivado por determinação do Ministério Público, deixando ainda mais distante o sonho da legalidade e inconformados os participantes da Ação.
Cirineu Fedriz é quem organiza o projeto da rádio e a Ação Comunitária do bairro. Ele ganhou essa herança de seu pai, João Fedriz, que durante toda a vida ficou conhecido pelos projetos sociais que desenvolvia nos bairros de Bauru. Seu pai foi o fundador da primeira Associação de Moradores do Parque Jaraguá que, depois, virou a Acão Comunitária.
Nos oito anos de funcionamento, o movimento alcançou tanta visibilidade que é procurado pelos outros bairros da cidade e reconhecido pelo prefeito Rodrigo Agostinho. "É uma das ações mais bem organizadas da cidade. Norteada por reinvindicações justas, de gente que, por um tempo, ficou à sua própria sorte", fala Cirineu. De pavimentação à instalação de creches, a ação vem conseguindo alcançar melhorias. O único objetivo que durante todo esse tempo permenece fora do alcance é a Rádio Ação Cominutária Parque Jaraguá.
Longo percurso
Em 1998, João Fedriz era presidente da Associação dos Moradores do Parque Jaraguá e, acompanhando de perto as necessidades do bairro, resolveu que uma rádio deixaria mais fácil a comunicação entre os moradores. Como a rádio era estritamente comunitária, João e os moradores acharam que poderiam operar sem a licença do Ministério das Comunicações – que legaliza os veículos de comunicação operantes em todo o país.
A ideia, no entanto, foi tomando grandes proporções. Figuras de importância na cidade eram entrevistadas pela rádio. Vereadores, prefeito, deputados e comandantes que passavam pelo estúdio fizeram com que a rádio caisse no gosto popular. "Começamos a chamar a atenção e daí as pessoas começaram a se incomodar", conta Cirineu.
Em 2002, então, se deu o primeiro capítulo da novela. A rádio foi fechada por trabalhar sem licença. Insitentes, em 2004 os moradores encaminharam ao Ministério a papelada pedindo a licença para a rádio voltar a funcinar. "Como a resposta demorava muito pra sair, nós não quisemos parar e decidimos funcionar na ilegalidade", explica Cirineu. Assim começou o processo de abre e fecha. Por nove vezes a rádio foi fechada, sendo que na nona vez Cirineu foi preso e ficou 11 dias atrás das grades.
Sem poder fazer mais nada, resolveu então esperar que a licença finalmente saísse. O BOM DIA procurou o Ministério das Comunicações para saber sobre o andamento do processo e foi informado pela responsável , Sueli Almeida, de que o processo será arquivado.
"A determinação veio do Ministério Público. Todas as rádios que funcionaram ilegalmente nos últimos 5 anos terão seus processos arquivados", explica.
Cirineu não se conforma: "Isso não foi aprovado". Ele divide o inconformismo com os demais moradores e participantes da ação. "A rádio seria muito útil pra gente. Nós só queremos melhorar a situação do bairro", comenta desapontada uma das fundadoras da ação, Maria Cristina da Silva.
Abraço
A questão enfrentada pela Ação do Parque Jaraguá, no entanto, não é a única no Brasil. Ao todo, 16.030 rádios esperam licença do Ministério das Comunicações para atuar. A Abraço (Associação Brasileira de Radiofônica de Radiodifusão Comunitária) tem organizado movimentos pelo Brasil todo em busca de soluções para o caso.
O coordenador sudeste da Abraço, Jerry de Oliveira, expressa sua indignação. "A maioria dos processos que foram fechados é por incompetência do Ministério, que tem apenas 16 funcionários para avaliar quase 20 mil processos".
Ele considera ainda que a questão da Rádio Ação Comunitária Parque Jaraguá trata-se de manipulação política. "Emissoras que pediram legalização há mais de 10 anos continuam na espera, enquanto a maioria das rádios e Tvs de Campinas, por exemplo, funcionam com outorgas vencidas. É tudo uma questão política, fica claro. A Ação de Bauru tem perseguição política também".
Sobre as rádios atuarem sem licença, ele é pontual: "Elas atuam sem licença porque perderam as esperanças de que um dia vão receber suas outorgas em decorrência da influência política de parlamentares. Rádios Comunitárias que combatem este vício, são ilegalmente arquivadas. Por isso, a desobediência Civil continua na ordem do dia, quem deve ser criminalizado por esta situação, é o Ministro das Comunicações, que não concede outorgas num prazo razoável. A responsabilidade desta situação é do estado brasileiro, que ao invés de garantir a participação da sociedade em meios de comunicação democrático, apóia atitudes como esta em favor do monopólio, que inclusive é proibido por lei" destacou Oliveira.

Por Partido Comunista Brasileiro

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão lança plataforma aos candidatos de SP


Documento traz 14 pontos que podem ser assumidos como compromisso pelos candidatos ao governo estadual, ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa de São Paulo. Iniciativa tem o objetivo de pautar o direito à comunicação e a liberdade de expressão no processo eleitoral

A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão (Frentex) – articulação que reúne sindicatos, associações civis, rádios comunitárias, imprensa alternativa, movimento populares e organizações da sociedade civil – lançou na última terça-feira (14/09) uma plataforma com catorze compromissos no campo das comunicações a serem assumidos por candidatos de São Paulo ao governo estadual, ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa. O documento é uma iniciativa para incluir no debate eleitoral o tema do direito à comunicação e a liberdade de expressão, ainda pouco abordado pela maior parte das candidaturas.

A Plataforma Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão Eleições 2010apresenta como compromisso, entre outros pontos, a defesa da regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal, que tratam da proibição de monopólios e oligopólios; das finalidades da programação das emissoras de rádio e TV, incluindo a regionalização da produção de conteúdo; e da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal; o apoio ao desenvolvimento de políticas de incentivo à diversidade na mídia; a regulamentação do direito de resposta e a defesa do acesso à banda larga como direito, com a ampliação das políticas de inclusão digital.

A íntegra do documento está disponível em www.frentex.org. Na mesma página serão divulgadas as adesões dos candidatos que firmarem compromisso com a plataforma.

A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão foi responsável, junto com a Assembléia Legislativa de SP, pela organização e realização da etapa estadual da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), cuja temática vem se revelando cada dia mais estratégica para a democracia e o desenvolvimento do país.

Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão


ABRAÇO - SP • ALTERCOM – Associação Brasil de Empresas e Empreendedores em Comunicação • Aliança Internacional de Jornalistas • AMARC - Associação Mundial de Rádios Comunitárias • AMEJAEB - Associação dos Moradores e Empreendimentos do Jardim Educandário e Butantã • Artigo 19 • Associação Vermelho • Blog da Audiodescrição • Campanha pela Ética na TV - SP • CEDISP - Comitê pela Educação e a Democratização da Informática/SP • CEERT - Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades • Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé • Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência • Cidadania e Saúde • Ciranda da Informação Independente • CNTQ - Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos • CONEN/SP - Coordenação Nacional de Entidades Negras/SP • Conselho Regional de Psicologia - SP • Enecos - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social • Escola de Governo de São Paulo • Escritório Modelo "Dom Paulo Evaristo Arns" - PUC/SP • FLO - Friends of Life Organization • Força Sindical • Fórum Centro Vivo • Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - SP • Geledés - Instituto da Mulher Negra • Grêmio Ágora da Escola da Vila • Grupo Tortura Nunca Mais/SP • Ilê Asé Orisá Dewi • Instituto Alana • Instituto CEPODH - Centro Popular de Direitos Humanos • Instituto Gens de Educação e Cultura • Instituto Oromilade • Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social • LBL - Liga Brasileira de Lésbicas • Movimento Novos Praianos • Movimento Sindicato É Pra Lutar Observatório da Mulher • Primado do Brasil - Organização Federativa de Umbanda e Candomblé do Brasil • Projeto Cala-boca já morreu • PROTESTE Associação de Consumidores • Rede Brasil Atual • Revista Debate Socialista • Revista Viração • Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região • Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo • Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes • Sindicato dos Radialistas no Estado de São Paulo • Tenda de Umbanda Luz e Verdade • Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus • Tupã Oca do Caboclo Arranca Toco • UNEGRO/SP - União de Negros Pela Igualdade de São Paulo • União Brasileira de Mulheres • União dos Movimentos de Moradia-SP • UPES-SP União Paulista dos Estudantes Secundaristas



PLATAFORMA ELEIÇÕES 2010

DIREITO À COMUNICAÇÃO E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Considerando a importância:

• Do fortalecimento de uma mídia plural e democrática, que reflita a diversidade brasileira

• Do acesso da população à informação e à produção de comunicação e cultura

• Da garantia da liberdade de expressão e do direito à comunicação para todos e todas

• E da participação popular na construção de políticas públicas para o setor

Nós, candidatos ao governo de São Paulo, ao Congresso Nacional e à Assembléia Legislativa de São Paulo nos comprometemos a:

1. Defender a regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal, que tratam da proibição de monopólios e oligopólios; das finalidades da programação das emissoras de rádio e TV, incluindo a regionalização da produção de conteúdo; e da complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal;

2. Promover uma regulação democrática e participativa das concessões públicas de radiodifusão;

3. Apoiar a regulamentação do direito de resposta;

4. Defender a regulamentação da veiculação de publicidade dirigida às crianças, de acordo com a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor;

5. Lutar pela criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como Conselhos Municipais, Estaduais e Distrital, como órgãos reguladores das comunicações, formados por representantes do poder público, dos empresários e da sociedade civil;

6. Defender políticas públicas que garantam o exercício do direito à comunicação da população;

7. Apoiar o desenvolvimento de políticas de incentivo à pluralidade e à diversidade na mídia;

8. Contribuir para o fortalecimento das mídias livres, independentes, alternativas, populares e comunitárias;

9. Apoiar o desenvolvimento de políticas de apoio e incentivo às rádios comunitárias, combatendo sua criminalização;

10. Defender políticas de fomento à produção de conteúdos destinados ao público infanto-juvenil;

11. Lutar pelo desenvolvimento e implementação de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência nos meios de comunicação;

12. Propor a inserção nos parâmetros curriculares do ensino fundamental e médio conteúdos específicos de educação para a mídia, incluindo a temática dos direitos humanos, e a disciplina de educomunicação;

13. Denunciar e combater as violações dos direitos humanos praticadas pelos meios de comunicação;

14. Defender o acesso à internet e à banda larga como direito, ampliando as políticas de inclusão digital.

Comprometemo-nos ainda a estar em permanente diálogo com as organizações da sociedade civil, movimentos sociais, sindicatos, comunicadores(as) populares, jornalistas, radialistas, estudantes e ativistas da mídia comunitária, livre e alternativa do Estado de São Paulo para o desenvolvimento de ações conjuntas em prol da realização destes compromissos.

São Paulo, _____ de ______________ de 2010.


______________________________________
Assinatura do candidato e cargo a que concorre


terça-feira, 31 de agosto de 2010

TJSC. Rádio comunitária é isenta de pagar direitos autorais

31 de agosto de 2010

Muito embora não se desconheça a necessidade de resguardo ao direito patrimonial do autor, a sistemática atualmente existente e dirigida pelo ECAD, consistente na cobrança das chamadas retribuições autorais, pode inviabilizar o funcionamento das rádios comunitárias que, de utilidade pública, desenvolvem atividades de relevância para a comunidade (educação, cultura, lazer, integração). Com esse entendimento, a 3ª Câmara de Direito Civil do TJ manteve sentença da Comarca de Canoinhas, que julgou improcedente cobrança de direitos autorais formulada pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – Ecad, contra Fundação Expansão Cultural Rádio e TV Canoinhas e Ulisses Anderson Bernardino.

O Ecad aduziu que a rádio transmitiu obras musicais sem a devida autorização prévia do autor. Requereu, então, a concessão de liminar para suspender ou interromper qualquer execução das músicas, além da condenação da rádio ao pagamento de mensalidades referentes à retribuição autoral.

A Fundação sustentou que o Ecad não apresentou provas do suposto débito, negando, assim, a violação ao direito autoral. Ressaltou, também, a ilegalidade da cobrança de taxas de entidades sem fins lucrativos.

“Se a exposição pública de obra intelectual se realiza sem objetivo de lucro, não é devida a cobrança de direitos patrimoniais do autor. E assim, possuindo a estação radiodifusora, no caso, natureza comunitária, sem fins lucrativos e com objetivo, dentre outros, de promover a educação ambiental local (art. 225, VI, CF), o uso de composições musicais em sua programação não a sujeita ao pagamento de direito autoral, sendo correta, portanto, a sentença que conclui pela improcedência da cobrança”, concluiu o relator da matéria, desembargador substituto Henry Petry Junior. (Ap. Cív. n. 2010.040370-2)


Fonte

Ato de rádios comunitárias em Campinas evidencia contradições da comunicação no país


Cristina Charão - Observatório do Direito à Comunicação
20.08.2010


As contradições do setor da comunicação no Brasil ficaram evidentes durante ato realizado por rádios comunitárias e movimentos sociais da região de Campinas (SP) na frente da sede do Grupo Bandeirantes na cidade. O protesto, que reuniu cerca de 200 pessoas, buscava denunciar a repressão crescente contra as emissoras comunitárias da região, estimulada, inclusive, por campanha publicitária da Band. As denúncias, entretanto, foram além.

A primeira contradição das comunicações no país estava estampada no enorme painel que identifica o prédio da Bandeirantes Campinas. Da calçada em frente à entrada principal, ocupada pelos manifestantes, comunicadores comunitários que tentam há anos obter a autorização para suas emissoras visualizavam os logos de quatro rádios (Bandeirantes, BandNews, Educadora e Nativa) da empresa. Além de evidenciar a concentração da propriedade dos meios de comunicação, o painel também prova que o grupo controla um número maior de emissoras do que o permitido pela lei – no máximo, 6 FMs e 4 AMs em todo o país, sendo apenas uma FM e uma AM por localidade.

Os manifestantes denunciavam, ainda, que a outorga das rádios e também da TV Bandeirantes de Campinas encontram-se vencidas. Como o ato foi acompanhado de perto por quatro viaturas da polícia militar e uma da polícia civil, o coordenador da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias em Campinas, Jerry Oliveira, solicitou aos policiais que entrassem no prédio e solicitassem ao diretor da Bandeirantes Campinas, Rodrigo Neves, a cópia da licença das emissoras.

A segunda contradição começou a ser evidenciada neste momento. Os policiais civis informaram aos manifestantes que fariam a averiguação. Entraram no prédio e voltaram, meia hora depois, informando que a direção da empresa havia dito que levaria a outorga até a delegacia. O prazo concedido à Bandeirantes foi de duas horas.

“Eles vão ter duas horas para levar a outorga até a delegacia. Com a gente, se não apresentamos a licença em dez minutos, temos armas apontadas pra nossa cabeça e vamos presos”, denunciou Jerry. O advogado Alexandre Mandel, da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap) e que atua na defesa das rádios comunitárias da região, resumiu a situação: “Está configurado o que nós denunciamos há muito tempo: há um tratamento para as rádios da periferia e outro para as rádios comerciais.”

Questionado sobre o porquê de estarem acompanhando o ato, o investigador da polícia civil que fazia a interlocução com os manifestantes e que se apresentou apenas como Nelson disse que tinham vindo “para que nenhuma das duas partes seja prejudicada”. Mandel rebateu, afirmando que “a polícia deveria estar aqui para fazer cumprir a lei”.

Após o encerramento do ato, um grupo representando as rádios, sindicatos e organizações que convocaram o ato foi até a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), para onde a Bandeirantes Campinas deveria encaminhar a cópia da licença. Isso não aconteceu. A polícia informou que não abriria nenhum tipo de investigação a respeito do caso.

Como a regulação dos serviços de radiodifusão é atribuição da União, caberia apenas à Polícia Federal atuar nos casos de irregularidades nas emissoras de rádio e TV. Assim mesmo, na região de Campinas e em outras partes do estado de São Paulo o fechamento de diversas rádios e a prisão de comunicadores populares têm sido feitos por policiais militares e civis. “A contradição política está evidenciada”, comentou o advogado Alexandre Mandel.

Sem direito de resposta

Apenas no último fim de semana, policiais militares foram à noite até a Rádio Comunitária Floresta FM, em Hortolândia, e confiscaram os transmissores sem mandado judicial. No domingo, fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) lacraram e apreenderam os transmissores da Rádio Planeta, localizada no Jardim Satélite Iris em Campinas.

Em junho, seis membros da Rádio Comunitária Nova Estação foram presos pela polícia civil, em ação bastante truculenta. A Rede Bandeirantes, que acompanhou a invasão à emissora, noticiou o fechamento da rádio e as prisões, referindo-se aos seis como membros do crime organizado. Durante o ato, os manifestantes pediram à empresa que abrissem espaço para que os seis apresentassem seu direito de resposta. A única cobertura recebida pelo ato das emissoras do grupo foi a gravação de imagens por uma câmera colocada na porta do prédio. As imagens não foram ao ar.

Além disso, exigiam a retirada do ar de campanha publicitária do Grupo Bandeirantes que afirma que rádios comunitárias derrubam aviões.

O ato tinha ainda como pauta a anistia aos comunicadores populares que estão presos ou sendo processados por colocarem rádios no ar sem autorização, além da aprovação rápida de lei que descriminaliza a radiodifusão sem licença. Também pedia a revisão da Lei 9.612/98, que cria a radiodifusão comunitária e que acaba por impor restrições significativas ao trabalho destas emissoras, pois limita a potência e impede que as rádios possam ter qualquer tipo de publicidade ou apoio cultural.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Radios comunitárias de Campinas desafiam o monópolio da Band

DIREITO À COMUNICAÇÃO


quinta-feira 19 de Agosto de 2010, por Terezinha Vicente

O protesto aconteceu em frente às instalações da Rede Bandeirantes de Televisão, que comportam vários meios de comunicação do oligopólio.

A luta dos comunicadores populares da região de Campinas se agravou nos últimos meses. Diversas rádios comunitárias, a maioria ligadas aos movimentos sociais, tem sido fechadas pela polícia civil, prendendo seus operadores e destruindo equipamentos. Só neste último fim de semana, policiais militares estiveram no sábado na Rádio Comunitária Floresta FM, em Hortolândia e confiscaram os transmissores sem mandado judicial, e na calada da noite. No domingo, fiscais da Anatel lacraram e apreenderam os transmissores da Rádio Planeta, localizada no Jardim Satélite Iris em Campinas.

Em junho último, a polícia tentou confundir os comunicadores com ladrões de jóias e traficantes, conforme divulgado pela Agência de Notícias da EPTV, afiliada da Rede Globo. Depois foi a Rede Bandeirantes que se fez presente na invasão à Rádio Comunitária Nova Estação, acompanhando a truculência da Polícia Civil na ocasião, a prisão de seis coordenadores regionais da Abraço (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária), apreensão de equipamentos, e recusou-se a ouvir o outro lado “Representantes de outras rádios comunitárias que se dirigiam ao local avistaram o Veículo da Bandeirantes junto com viaturas do Garra, que atendiam solicitação de reforço dos policiais civis presentes na ação”, conta Jerry Oliveira, coordenador sudeste da Abraço.

A Abraço São Paulo tem feito sistemáticas denúncias da ilegalidade da maioria das emissoras comerciais da região, que se encontram com outorgas vencidas, recebendo o descaso das autoridades competentes. “Recentemente descobrimos uma empresa que presta serviços às rádios comerciais”, continua Jerry, “cujo objetivo é rastrear emissoras comunitárias e denunciá-las. O mais surpreendente é que esta empresa é formada por ex agentes da Anatel”. Por isso, o ato desta quinta-feira, dia 19, foi realizado na frente da Band, onde funcionam emissoras com outorgas vencidas, algumas desde 2004.

Contruindo outra comunicação possível

Diversos depoimentos repercutiram estas denúncias hoje no ato público, levadas por militantes de diversas rádios comunitárias presentes, algumas legalizadas, como a Rádio Heliópolis e a Rádio Cantareira. Também estiveram presentes vários sindicatos, como os Radialistas e o Sinergia, a Sub Sede da CUT Campinas, movimentos como o MST, MTST, MNU, Fábrica Ocupada Flaskô, Intervozes, a Frente Paulista pelo Direito a Comunicação; e meios de informação independentes, como a Ciranda e Caros Amigos. A deputada Luiza Erundina e o deputado Ivan Valente enviaram mensagens de apoio à manifestação.

"A Bandeirantes é uma das piores empresas para os trabalhadores”, falou Zé Marcos, secretário geral do Sind. Radialistas de SP. “Perseguem as verdadeiras rádios que tentam desempenhar um papel social, que deveria ser das emissoras públicas”. Os ataques aos movimentos sociais por parte das emissoras também foram criticados pelo radialista, em contraposição ao enorme crescimento de seu faturamento publicitário. “A Rádio Luta, da Flaskô, não tem uma publicidade!”, diz orgulhoso Fernando. “E por que eles vivem dando batida, buscando nossos equipamentos? O céu é de todos, nós temos o nosso direito!” As denúncias das intimidações e da truculência dos policiais nessas ações se sucederam, como a de Adeilda, da Rádio Sky, que conta de sua filha de 7 anos, está traumatizada, não pode ver polícia.

“Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”, sintetizou João Brant, do Coletivo Intervozes e da Frente Paulista pelo direito à comunicação. “Jogam as rádios comunitárias na marginalidade, enquanto no MiniCom se acumulam mais de 10 mil processos em análise. João explicou também que não há registro no Brasil de interferência de rádio comunitária que tivesse causado problemas, como as emissoras comerciais querem fazer crer. Sua baixa potência não permite isso, segundo o ativista da comunicação, que também defendeu a necessidade do MiniCom investigar o sistema de pleitos, que privilegia os políticos nas outorgas de concessões.

A relação de políticos, meios de comunicação e organismos de Estado foi destacada em várias intervenções. “Quem são os donos dos meios de comunicação no Maranhão, em Alagoas, na Bahia, no Rio, em São Paulo?”, denunciou Margarido, do PSTU de Campinas. “Os homens que exercem o monopólio do Estado fazem as leis para criminalizar os movimentos. A luta é contra todos os latifúndios, o da terra, o das comunicações, o do poder!”

“Por que a polícia não fecha a rádio dos poderosos?”, desafiou o coordenador da Abraço. “A maioria das emissoras privadas estão vencidas há muito tempo, mas não sofrem sanções como as rádios comunitárias!” A polícia militar logo apareceu, mas para conter o ato, e apareceu depois também a polícia civil. “Apelamos à PM que cumpra a lei aqui também, queremos o mesmo tratamento, esta também está ilegal, queremos justiça!” Uma comissão de representantes dos movimentos chegou a conversar com os emissários da Polícia Civil, juntamente com o advogado da Abraço, Alexandre Mandel. O investigador Nelson (não deu o nome completo) informou-nos, então, que a Bandeirantes teria duas horas para apresentar a documentação, na DIG – Delegacia de Investigações Gerais.

Diante da colocação do advogado de que a Abraço já teria feito formalmente a denuncia, sem obter qualquer atenção, os policiais apenas diziam não saber de nada, falavam individualmente, não pela instituição. Disseram que ali estavam apenas para evitar conflitos, tomaram conhecimento da denúncia de irregularidade da Band naquele dia, e que advogado da empresa estava vindo de São Paulo. “Acreditamos numa outra comunicação, voltada para o povo, a periferia, suas lutas”, dizia Valdeci, antigo batalhador das rádios comunitárias. “Fazemos rádio para as pessoas que não têm acesso à comunicação comercial, não são grandes políticos ou empresários que tem concessão pública, nós também temos que ter esse direito, se não conseguimos hoje, voltaremos com mais gente!”

O recado foi dado à Bandeirantes e ao restante do oligopólio das comunicações, que patrocinam a perseguição às rádios comunitárias. As organizações continuarão vigilantes com as outorgas vencidas, exigindo respeito e atuação democrática por parte das instituições. As testemunhas estão aumentando, a necessidade de outra comunicação também. “O tratamento diferenciado está comprovado”, diz o Dr. Alexandre, “a contradição política está escancarada!”.


Ato contra fechamento de rádios comunitárias fecha TV Bandeirantes de Campinas

fonte
http://pimentus-ardidus.blogspot.com



Portões fechados impediram viaturas da TV Bandeirantes de Campinas entrar na emissora.


Nesta quinta feira a TV Bandeirantes de Campinas esteve sendo alvo de protesto pelo movimento das rádios comunitárias e de quem as apóia. Não é de hoje que sabemos que o grupo Bandeirantes de Rádio e Televisão se posta acima da Lei e traz pra si o papel de julgar o movimento de rádios comunitárias como criminoso. Além de descumprir a legislação trabalhista, desrespeitando o trabalhador, a mesma deixa de cumprir a legislação que rege o próprio setor de radiodifusão. Nesta quinta feira, no período da tarde, diversos movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores e entidades ligadas a democratização do meios de comunicação, deram um basta às mentiras que o grupo Bandeirantes propagandeia através de suas emissoras, criminalizando um movimento legítimo que é o das Rádios Comunitárias.

O principal argumento utilizado pela direção da emissora é de que diversas emissoras de rádios comunitárias não tem outorga do Ministério das Comunicações para funcionar. E olha que coisa, por ironia do destino; a TV Bandeirantes de Campinas está com sua outorga vencida. E nem por isso, a Polícia Militar e Civil, presentes no ato, a pedido da emissora, fizeram alguma coisa para prender os diretores ou fechar a própria emissora que estava funcionando ilegalmente.

Os portões da frente da emissora ficaram fechados e ninguém podia entrar ou sair por ali. O trânsito teve que sofrer um desvio, mas como o movimento era pacífico e a pedido da polícia militar, foi liberado a pista para que o tráfego pudesse fluir. Mas a questão principal continuou de pé; a polícia iria ou não efetuar a prisão dos diretores da emissora ou fechar a emissora e lacrar seus transmissores?! É óbvio que não aconteceu nada nesse sentido. Após um prazo de duas horas, cumpridas ali na frente da emissora, a Polícia Civil não apareceu com a resposta, obrigando uma comissão presente dos representantes dos movimentos sociais ir até a DIG de Campinas e fazer a denúncia contra as emissoras do Grupo Bandeirantes que estavam com a outorga vencida. Segundo a alegação do delegado, a denúncia deveria ser feita no 5º DP, mas era ele quem mandava fazer diligências para fechar emissoras comunitárias. Era ele quem aparecia na mídia falando a respeito das diligências efetuadas contra as emissoras de rádio comunitária e seus radiodifusores. No 5º DP ficou constatado aquilo que já acreditavam, não era lá. Estabelecido então um documento, de que a TV Bandeirantes não apresentou documento nenhum, a luta continuará também em outras esferas. A postura do delegado da DIG de Campinas é que não ficou clara.Era a equipe dele, da DIG de Campinas, a mando dele quem cometia as infrações da Lei. Quem é então que cometia essa irreguaridade?! Os radio-difusores comunitários ou a DIG de Campinas fazendo papel da Polícia Federal? Estranho. Muito estranho essa situação. Pra fechar rádio comunitária,sem outorga pode, mas pra emissoras como a TV Bandeirantes de Campinas não?!

O movimento também foi orientado a fazer uma denúncia na Corregedoria da Polícia, por prevaricação e por abuso de autoridade frente ao movimento das rádios comunitárias. E a irem também na Secretaria dos Direitos Humanos de Brasília, para que a mesma tome providências, já que a Polícia Civil e Militar estão cometendo um crime ao prender os radiodifusores comunitários, sem um mandato da Justiça e por prender e danificar equipamentos, que estão a serviço do movimento das rádios comunitárias.

Abaixo uma série de fotos, com legendas, para que se possa ilustrar este momento de luta pela democratização da comunicação, de denúncias de uma injustiça que vem ocorrendo contra a radiodifusão livre e de que, a força de muitos, pode fazer a diferença na hora de fazer valer nossos direitos.



Primeiro momento quando o movimento fechou a rua e os portões da TV Bandeirantes de Campinas.


Polícia Militar, ao fundo, veio a pedido da emissora para tentar intimidar o movimento pacífico.


Polícia Civil também se fez presente a pedido da emissora.


Portões trancados da TV Bandeirantes de Campinas nesta quinta feira.


Fachada do prédio da TV Bandeirantes e suas emissoras de rádio.


No total estiveram presentes 5 vituras da Polícia Militar e duas da Polícia Civil. Não conseguiram intimidar o movimento que esteve no ato.



Comissão de representantes do movimento social negocia com membros da Polícia Civil; exigência de prender diretores da TV Bandeirantes que está funcionando com outorga vencida.

Ato de rádios comunitárias em Campinas evidencia contradições da comunicação no país



Cristina Charão - Observatório do Direito à Comunicação
20.08.2010

As contradições do setor da comunicação no Brasil ficaram evidentes durante ato realizado por rádios comunitárias e movimentos sociais da região de Campinas (SP) na frente da sede do Grupo Bandeirantes na cidade. O protesto, que reuniu cerca de 200 pessoas, buscava denunciar a repressão crescente contra as emissoras comunitárias da região, estimulada, inclusive, por campanha publicitária da Band. As denúncias, entretanto, foram além.

A primeira contradição das comunicações no país estava estampada no enorme painel que identifica o prédio da Bandeirantes Campinas. Da calçada em frente à entrada principal, ocupada pelos manifestantes, comunicadores comunitários que tentam há anos obter a autorização para suas emissoras visualizavam os logos de quatro rádios (Bandeirantes, BandNews, Educadora e Nativa) da empresa. Além de evidenciar a concentração da propriedade dos meios de comunicação, o painel também prova que o grupo controla um número maior de emissoras do que o permitido pela lei – no máximo, 6 FMs e 4 AMs em todo o país, sendo apenas uma FM e uma AM por localidade.

Os manifestantes denunciavam, ainda, que a outorga das rádios e também da TV Bandeirantes de Campinas encontram-se vencidas. Como o ato foi acompanhado de perto por quatro viaturas da polícia militar e uma da polícia civil, o coordenador da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias em Campinas, Jerry Oliveira, solicitou aos policiais que entrassem no prédio e solicitassem ao diretor da Bandeirantes Campinas, Rodrigo Neves, a cópia da licença das emissoras.

A segunda contradição começou a ser evidenciada neste momento. Os policiais civis informaram aos manifestantes que fariam a averiguação. Entraram no prédio e voltaram, meia hora depois, informando que a direção da empresa havia dito que levaria a outorga até a delegacia. O prazo concedido à Bandeirantes foi de duas horas.

“Eles vão ter duas horas para levar a outorga até a delegacia. Com a gente, se não apresentamos a licença em dez minutos, temos armas apontadas pra nossa cabeça e vamos presos”, denunciou Jerry. O advogado Alexandre Mandel, da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap) e que atua na defesa das rádios comunitárias da região, resumiu a situação: “Está configurado o que nós denunciamos há muito tempo: há um tratamento para as rádios da periferia e outro para as rádios comerciais.”

Questionado sobre o porquê de estarem acompanhando o ato, o investigador da polícia civil que fazia a interlocução com os manifestantes e que se apresentou apenas como Nelson disse que tinham vindo “para que nenhuma das duas partes seja prejudicada”. Mandel rebateu, afirmando que “a polícia deveria estar aqui para fazer cumprir a lei”.

Após o encerramento do ato, um grupo representando as rádios, sindicatos e organizações que convocaram o ato foi até a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), para onde a Bandeirantes Campinas deveria encaminhar a cópia da licença. Isso não aconteceu. A polícia informou que não abriria nenhum tipo de investigação a respeito do caso.

Como a regulação dos serviços de radiodifusão é atribuição da União, caberia apenas à Polícia Federal atuar nos casos de irregularidades nas emissoras de rádio e TV. Assim mesmo, na região de Campinas e em outras partes do estado de São Paulo o fechamento de diversas rádios e a prisão de comunicadores populares têm sido feitos por policiais militares e civis. “A contradição política está evidenciada”, comentou o advogado Alexandre Mandel.

Sem direito de resposta

Apenas no último fim de semana, policiais militares foram à noite até a Rádio Comunitária Floresta FM, em Hortolândia, e confiscaram os transmissores sem mandado judicial. No domingo, fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) lacraram e apreenderam os transmissores da Rádio Planeta, localizada no Jardim Satélite Iris em Campinas.

Em junho, seis membros da Rádio Comunitária Nova Estação foram presos pela polícia civil, em ação bastante truculenta. A Rede Bandeirantes, que acompanhou a invasão à emissora, noticiou o fechamento da rádio e as prisões, referindo-se aos seis como membros do crime organizado. Durante o ato, os manifestantes pediram à empresa que abrissem espaço para que os seis apresentassem seu direito de resposta. A única cobertura recebida pelo ato das emissoras do grupo foi a gravação de imagens por uma câmera colocada na porta do prédio. As imagens não foram ao ar.

Além disso, exigiam a retirada do ar de campanha publicitária do Grupo Bandeirantes que afirma que rádios comunitárias derrubam aviões.

O ato tinha ainda como pauta a anistia aos comunicadores populares que estão presos ou sendo processados por colocarem rádios no ar sem autorização, além da aprovação rápida de lei que descriminaliza a radiodifusão sem licença. Também pedia a revisão da Lei 9.612/98, que cria a radiodifusão comunitária e que acaba por impor restrições significativas ao trabalho destas emissoras, pois limita a potência e impede que as rádios possam ter qualquer tipo de publicidade ou apoio cultural.